Se nós perguntarmos para você se é inteligente ou não, temos a certeza de que você terá uma resposta. Mas o que é ser inteligente? O que é a inteligência? Quais são os 9 tipos de inteligência? Como se tornar mais inteligente?

O QUE É A INTELIGÊNCIA
A inteligência diz respeito à “capacidade do sujeito para se adaptar a um ambiente ou a vários para realizar abstrações, pensar racionalmente solucionar problemas, aprender novas estratégias por meio da experiência ou levar a cabo comportamentos dirigidos”[1].
Durante muito tempo houve um debate entre os inatistas (defendiam que nós, seres humanos, nascemos com o conhecimento) e os empiristas (que defendiam que a aprendizagem é resultado das experiências com o meio ambiente). Posteriormente o debate ganhou uma outra forma, não era mais inatismo vs empirismo mas hereditariedade vs meio.
Este debate, como pôde perceber, tem a ver com o conhecimento ou aprendizagem especificamente, mas teve impacto na forma como se compreendia o homem, e, por conseguinte, a inteligência.
Nascemos inteligentes ou desenvolvemos a nossa inteligência ao longo do tempo, com base nas experiência que vivemos? Hoje em dia reconhece-se que a inteligência, assim como muitos outros aspectos relacionados ao homem não são somente influenciados pela hereditariedade ou pelo meio. Existe, isto sim, uma interação entre estes. Torna-se, portanto, mais importante saber como esta interação acontece.
É ainda necessário que compreendamos que a inteligência é um conceito, não algo material. É um conceito construído socialmente. Frequentemente usa-se um teste de inteligência, que tem como resultado final um QI, mas não podemos cometer o erro de achar que a inteligência de um ser se reduz ao resultado de um teste, o que não significa que os testes de inteligência não têm utilidade[2].
Os testes de inteligência são instrumentos construídos com base em conhecimento científico e têm um grande valor, no entanto, tratam-se de conceitos. A título de exemplo, David Myers escreve no seu livro:
“Na floresta amazônica, a inteligência pode consistir em compreender as qualidades medicinais das plantas nativas; em uma escola secundária de Ontário, pode ser um desempenho superior em tarefas cognitivas. Em cada contexto, inteligência é a habilidade de aprender a partir da experiência, solucionar problemas e usar o conhecimento para se adaptar a novas situações. No campo das pesquisas, inteligência é aquilo que os testes de inteligência medem.”[3]
OS 9 TIPOS DE INTELIGÊNCIA
Diferentes autores ou pesquisadores contribuíram para a compreensão daquilo que consideramos hoje “inteligência”. Alguns pesquisadores consideraram a inteligência enquanto uma habilidade geral (como Charles Spearman) e outros consideravam-na como habilidades específicas, conceituando os tipos de inteligência.
Para Howard Gardner, Baseado em evidências que comprovam que o sistema nervoso tem diferentes centros neurais que processam diferentes tipos de informações, e questionando, por conseguinte, a visão que se tinha da inteligência enquanto habilidade geral, mas que acabava enfatizando as habilidades linguísticas e lógico-matemáticas[4]. As suas investigações levaram a 7 tipos de inteligências, e posteriormente foram acrescidas duas fruto de outras investigações[5]:
- Inteligência lógico-matemática;
- Inteligência linguística;
- Inteligência naturalista;
- Inteligência interpessoal;
- Inteligência intrapessoal;
- Inteligência espacial;
- Inteligência corporal-cinestésica;
- Inteligência musical;
- Inteligência existencialista.
Inteligência Lógico-Matemática
O raciocínio diz respeito ao “conjunto de processos mentais pelos quais retiramos conclusões com base em informações conhecidas”[6]. Neste tipo de inteligência existe uma maior sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. “É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los” [7].
Uma criança que tem este tipo de inteligência mais desenvolvida tem a facilidade de fazer cálculos matemáticos, facilidade em resolver problemas e raciocínio bastante desenvolvido[8].
Inteligência Linguística
Uma pessoa com este tipo de inteligência tem “uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir idéias.” [9]
Inteligência Naturalista
“O homem desenvolve essa habilidade através de sua interação e vivência com a natureza, a partir disso torna-se capaz de classificar seus elementos, como vegetais, minerais, animais, etc., dessa forma pode se reconhecer como participante de um ecossistema.”[10]
Inteligência Interpessoal
Esta inteligência tem a ver com capacidade para compreender e responder adequadamente “a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas” [11].
Esta habilidade pode ser identificada muito cedo quando a criança tem a capacidade de distinguir as pessoas, liderar outras crianças e compreender a necessidade e sentimentos dos outros de forma notória[12].
Do ponto de vista profissional, professores, psicoterapeutas, políticos e vendedores de sucesso frequentemente têm este tipo de inteligência bastante desenvolvida[13].
Inteligência Intrapessoal
“Esta inteligência é o correlativo interno da inteligência interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e idéias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de manifestações linguísticas, musicais ou cinestésicas.” [14]
Inteligência Espacial
“A capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em crianças pequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido através da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes visuais.” [15]
Inteligência Corporal-Cinestésica
Esta inteligência manisfesta-se pela capacidade de usar a coordenação motora grossa e/ou fina e, variado contextos, como no desporto, no controlo dos movimentos do corpo e pela manipulação de objectos de forma notória[16]. Refere-se à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo[17].
Inteligência Musical
A inteligência musical diz respeito à “uma habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical”[18]. As pessoas com esta inteligência bastante desenvolvida têm a facilidade em discriminar sons, perceber ritmos, produzir e reproduzir música[19].
As crianças com esta aptidão têm facilidade em cantar e aprender instrumentos musicais.
Inteligência Existencialista
Você certamente já percebeu que algumas pessoas têm maior facilidade em compreender e tirar ilações sobre a vida. Pessoas com facilidade em se questionar o que é, de onde vem, para onde vai e procurar respostas para estas. Pois é, existe um tipo de inteligência que permite algumas pessoas ter esta facilidade, que é a inteligência existencialista[20].
DIFERENÇAS ENTRE A TEORIA DE JEAN PIAGET E A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE GARDNER SEGUNDO MARIA GAMA
Gama considera que Gardner é construtivista, assim como Piaget, mas as suas teorias apresentam aspectos bastante diferentes[21]. Como escreve a mesma autora:
“Piaget acreditava que todos os aspectos da simbolização partem de uma mesma função semiótica, enquanto que ele acredita que processos psicológicos independentes são empregados quando o indivíduo lida com símbolos linguísticos, numéricos gestuais ou outros. Segundo Gardner uma criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o que Piaget chamaria de pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média em outra (o equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor).”[22]
A mesma acrescenta que “Gardner descreve o desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e expressar significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural, e sugere que não há uma ligação necessária entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento em uma área de desempenho e capacidades ou estágios em outras áreas ou domínios”. [23]
[1] Gabriel José MATIAS, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, 1ª Ed., Editora das Letras, Luanda, 2015.
[2] Cfr.: David Myers, Psicologia, 11ª Ed., LTC, 2017.
[3] David Myers, Psicologia, 11ª Ed., LTC, 2017.
[4] Cfr.: Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[5] Cfr.: Augusto Cesar dos Santos NOVIKOBAS e Luciano Brunelli Lamari MAIA, “Conceitos de Inteligência e a Teoria das Inteligências Múltiplas”. Disponível em<http://fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/8jVqXJimRnoxf6D_2020-6-18-21-3-2.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023
[6] Alan SLATER e Gavin BREMMER, Uma Introdução à Psicologia Desenvolvimental, col. Epigéneses, Desenvolvimento e Psicologia, Instituto Piaget, Lisboa, 2005, p.365.
[7] Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[8] Cfr.: Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[9] Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[10] Augusto Cesar dos Santos NOVIKOBAS e Luciano Brunelli Lamari MAIA, “Conceitos de Inteligência e a Teoria das Inteligências Múltiplas”. Disponível em<http://fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/8jVqXJimRnoxf6D_2020-6-18-21-3-2.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023
[11] Maria Clara S. Salgado Gama, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[12] Cfr.: Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[13] Cfr.: Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[14] Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[15] Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[16] Cfr.: Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[17] Cfr.: Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[18] Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[19] Cfr.: Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[20] Cfr.: Augusto Cesar dos Santos NOVIKOBAS e Luciano Brunelli Lamari MAIA, “Conceitos de Inteligência e a Teoria das Inteligências Múltiplas”. Disponível em<http://fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/8jVqXJimRnoxf6D_2020-6-18-21-3-2.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023
[21] Cfr.: Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[22] Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.
[23] MALKUS, FELDMAN e GARDNER, Dimensions of mind in early childhood. Em: Pelegrini (ed.) The psychological bases for early education Chichester, Wilev., 1988, p.25-38 apud Maria Clara S. Salgado GAMA, “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”, PSY_COTERAPEUTAS ON LINE. Disponível em: <https://ledum.ufc.br/arquivos/didatica/1/Teoria_Inteligencias_Multiplas_Implicacoes_Educacao.pdf>. Consultado aos 18 de Outubro de 2023.