Caso Clínico | Psicologia | Nº 3

Casos Clínico | Psicologia: Bernardo Faia é um recepcionista de um hotel, casado, pai de 3 crianças sendo a terceira adotiva e as dem...

Caso Clínico | Psicologia | Nº 3

Bernardo Faia é um recepcionista de um hotel, casado, pai de 3 crianças sendo a terceira adotiva e as demais biológicas. Faia teve uma vida descrita como absolutamente “normal” até começar a “conviver mais”.

Questionado sobre o que significa “conviver mais” o mesmo disse que significava sair mais com os amigos, “beber alguns copos” “ir à nguenda”.

Recentemente houve a festa de virada do ano e Bernardo, como de costume, consumiu demais. A festa foi a mais esperada do ano, mas há mais de 2 meses que Bernardo tem se sentido “para baixo”, sem vontade de fazer muita coisa, a não ser beber. Essa vontade diminuiu ainda mais depois da última festa.

Felizmente o consumo constante não chegou a prejudicar muito o seu trabalho, tendo um desempenho considerado satisfatório até antes da festa de fim de ano.

Bernardo tem faltado um pouco, chegado um pouco atrasado, e com os efeitos de embriaguez. Foi notificado por duas vezes pelos últimos acontecimentos pela gestão do estabelecimento, mas parece que as acções não tiveram o efeito esperado.

Preocupados com a situação, a mulher de Bernardo marcou uma consulta de psicologia para o seu marido, mas o mesmo não apareceu nas duas primeiras tentativas.

Na terceira, chegou à consulta embriagado. E a sua mulher, Fernanda, sem saber o que fazer, acabou adiando novamente a consulta. Depois de Fernanda perceber que as suas primeiras tentativas foram fracassadas, ela ameaçou deixá-lo sozinho e ir-se embora com os 3 filhos do casal.

Temendo a separação, uma vez que amava muito a sua mulher, fez um esforço tremendo para estar na 4ª consulta e acabou por ser internado no hospital.

Fernando começou a beber muito cedo, vem de uma família com muitos problemas (acusações de posse indevida da propriedade dos seus falecidos pais por parte de alguns dos seus 6 irmãos, alcoolismo em mais de 70% da família a partir dos 14 anos, discussões constantes, falta de união entre os irmãos, problemas financeiros constantes para a maioria das pessoas na família).

Vindo de uma família em que é normal beber para “afogar as mágoas”, Fernando estava a entrar num caminho que estava a acrescentar-lhe ainda mais problemas.

No entanto, um facto foi observado. A perda de prazer e interesse pelas actividades do cotidiano só acontecia quando o mesmo consumia álcool.

Depois de passar por um processo de reabilitação, o mesmo teve um choque de realidade.

Olha para trás e sente-se arrependido e não consegue enxergar futuro. Diz que se sente fracassado e que vai terminar como a maioria das pessoas da sua família, sem emprego, com problemas financeiros severos e incapacidade de manter a sua família nuclear unida e apresentou novamente uma recaída. Ao mesmo tempo, voltou a apresentar desânimo, falta de vontade, perda de prazer nas actividades que antes considerava como prazerosas e humor acentuamente baixo ao ponto de ser descrito pela mulher como “humor negro”, com impacto nas suas actividades do cootidiano e interações sociais.

O paciente relatou que nunca teve um período de enorme euforia, com grande agitação. Negou também o uso de outras substâncias bem como a presença de alucinações ou delírios. Fruto da sua actual situação, a sua mulher marcou uma consulta com o psicólogo, e o mesmo aceitou, apesar de afirmar que “psicólogos é para malucos” e que a consulta não traria efeito nenhum.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *