OS RELACIONAMENTOS HOJE EM DIA

A maioria dos autores afirma que os relacionamentos hoje em dia são caracterizados pela rapidez, liquidez...

Muitas vezes ouvimos os mais velhos a dizerem “no meu tempo, as coisas não eram assim”. Mas de se trata, afinal? Será que existem mesmo diferenças entre os relacionamentos amorosos dos séculos anteriores quando comparados com os relacionamentos hoje em dia? Compreenda o que a ciência diz sobre isto de uma vez por todas.

CONTOS DE FADA VS REALIDADE

Frequentemente vemos nos contos de fadas, bem do fim do filme, depois de algumas ou muitas turbulências ou momentos difíceis, os protagonistas a se casarem e o “e viveram felizes para sempre” chega. Ao contrário destes contos, quando o começa uma vida a dois, não é algo simples e mágico, pelo contrário, representa um processo bastante complexo com muitas mudanças e adaptações[1].

OS RELACIONAMENTOS HOJE EM DIA

Os relacionamentos amorosos do nosso séc. têm formas diferentes quando comparados com o séc. XIX. A ideia que temos de amor varia de acordo com a cultura, experiência pessoal e a perceção que cada indivíduo tem desse sentimento[2].

“O amor não tem significado único, ele costuma ser definido de acordo com a subjetividade de quem vivencia o sentimento”[3]. “Ainda que existam diversas conceções sobre o amor, a maioria é contaminada por ilusões românticas e idealizações com muitas expectativas no que diz respeito ao outro”[4].

Alguns estudos firmam que “as uniões se amparam, atualmente, apenas nos sentimentos de amor. Como há uma nova ordem que se estabelece, basta que o amor se apague para findar uma relação. Com isso, abre-se um espaço para que outro amor se imponha, justificando o aumento da troca de parceiros nos relacionamentos entre jovens”[5].

Por outra, em outro estudo  constatou-se que “não há uma homogeneidade nas opiniões sobre as perceções, as quais variam entre dois extremos: de um lado, há aqueles que veem os relacionamentos como semelhantes aos de outrora, e, de outro, os que percebem o campo amoroso como desordenado, instável, inseguro e frágil”[6].

“Na atualidade, é possível observar que os adultos jovens estão estabelecendo relações amorosas de curta duração. Essas relações podem durar apenas algumas horas, alguns dias, semanas ou meses”[7].

QUAIS SÃO OS MOTIVOS QUE LEVAM UMA PESSOA A ESCOLHER UMA OUTRA?

Os motivos que levam uma pessoa a escolher outra para viver uma relação conjugal são o amor, o desejo e a busca pela felicidade e conforto, muito influenciados pelos estilos de vínculo (afeto) vivenciados ao longo da vida. O contexto atual, é marcado por uma fragilidade nas relações conjugais, pois os cônjuges, influenciados pela sociedade de consumo, tendem a não investir amorosamente[8].

Pode-se ainda afirmar que os componentes mais influentes na qualidade conjugal são decisão/compromisso, intimidade e paixão, e com maiores níveis de escolaridade[9].


[1] Cfr. Betty CARTER e Monica MCGOLDRICK,  As Mudanças No Ciclo De Vida Familiar: Uma Estrutura Para a Terapia Familiar, 2ª ed, Artmed, Porto Alegre, 2007, apud Daiane TISSOT e Denise FALCKE, “A conjugalidade nas diferentes etapas do ciclo vital familiar”, em: QUADERNS DE PSICOLOGIA, Nº 3 (2017), 265-276.

[2] Luciane SMEHA e Micheli OLIVEIRA, “Os Relacionamentos Amorosos Na Contemporaneidade Sob A Óptica Dos Adultos Jovens”, em: REVISTA PSICOLOGIA: TEORIA E PRÁTICA, 2 (2013), São Paulo, pp. 33-45.

[3] Solange ROSSET, O Casal De Cada Dia, Sol, Curitiba, 2004 apud Luciane SMEHA e Micheli OLIVEIRA, “Os Relacionamentos Amorosos Na Contemporaneidade Sob A Óptica Dos Adultos Jovens”, em: REVISTA PSICOLOGIA: TEORIA E PRÁTICA, 2 (2013), São Paulo, pp. 33-45.

[4] Luciane SMEHA e Micheli OLIVEIRA, “Os relacionamentos amorosos na contemporaneidade sob a óptica dos adultos jovens”, cit., pp. 33-45.

[5] Luc FERRY, Aprender A Viver: Filosofia Para Os Novos Tempos, Objetiva, Rio de Janeiro, 2007, apud Luciane SMEHA e Micheli OLIVEIRA, “Os relacionamentos amorosos na contemporaneidade sob a óptica dos adultos jovens”, em: REVISTA PSICOLOGIA: TEORIA E PRÁTICA, 2 (2013), São Paulo, pp. 33-45.

[6] Jacqueline  CHAVES, Contextuais e pragmáticos: os relacionamentos amorosos na pós-modernidade [Tese, 2004 – pp. 212]. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, apud Luciane SMEHA e Micheli OLIVEIRA, “Os relacionamentos amorosos na contemporaneidade sob a óptica dos adultos jovens”, em: REVISTA PSICOLOGIA: TEORIA E PRÁTICA, 2 (2013), São Paulo, pp. 33-45.

[7] Luciane SMEHA e Micheli OLIVEIRA, “Os relacionamentos amorosos na contemporaneidade sob a óptica dos adultos jovens”, cit., pp. 33-45.

[8] Cfr. Kamêni ROLIM e Maria WENDLING, “A história de nós dois: reflexões acerca da formação e dissolução da conjugalidade”, -em: PSICOLOGIA CLÍNICA, Nº 2 (2013), 165- 180, apud Daiane TISSOT e Denise FALCKE, “A conjugalidade nas diferentes etapas do ciclo vital familiar”, em: QUADERNS DE PSICOLOGIA, Nº 3 (2017), 265-276.

[9] Cfr. Ana RIZZON, Clarisse MOSMANN e Adriana WAGNER, “A qualidade conjugal e os elementos do amor: um estudo correlacional”, em: CONTEXTOS CLÍNICOS, Nº 1 (2013), 41-49, apud Daiane TISSOT e Denise FALCKE, “A conjugalidade nas diferentes etapas do ciclo vital familiar”, em: QUADERNS DE PSICOLOGIA, Nº 3 (2017), 265-276.

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