A psicologia da educação é hoje uma das principais áreas da psicologia. Neste artigo você irá compreender o que é a psicologia da educação, quais são os seus objetivos, quem são os seus pioneiros e qual é a diferença entre a psicologia da educação e a psicologia escolar.

COMPREENDER A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
A psicologia é “estudo científico do comportamento e de processos mentais”[1]. A Educação é o “processo de actuação de uma comunidade sobre o desenvolvimento do indivíduo, a fim de que ele possa actuar em uma sociedade, pronta para a busca da aceitação dos objectivos colectivos”[2]. É uma“prática social humanizadora, intencional, cuja finalidade é transmitir a cultura construída historicamente pela humanidade”[3].
É importante referir que o homem não nasce humanizado, mas torna-se humano por seu pertencimento ao mundo histórico-social e pela incorporação desse mundo em si mesmo, processo este para o qual concorre a educação[4].
Assim, a psicologia da educação é “o ramo da psicologia dedicado à compreensão do ensino e da aprendizagem em ambientes educacionais”[5].
A DIFERENÇA ENTRE A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E A PSICOLOGIA ESCOLAR
A psicologia educacional tem como um dos fundamentos científicos da educação e da prática pedagógica e a psicologia escolar como modalidade de atuação profissional que tem no processo de escolarização seu campo de ação, com foco na escola e nas relações que aí se estabelecem[6].
“Compete ao psicólogo educacional desenhar, desenvolver e avaliar procedimentos para a instrução, dedicando-se fundamentalmente à investigação, enquanto o psicólogo escolar, actua essencialmente a nível prático, cuidando de potenciar o desenvolvimento intelectual e sócio-emocional da criança, através da intervenção em actividades de orientação, avaliação entre outras”[7].
O OBJECTO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E O SEU OBJECTIVO
Como ciência, a psicologia educacional tem como objectivo fornecer conhecimento de pesquisa que possa ser eficientemente aplicado a situações de ensino[8].
O principal objecto de estudo da psicologia da educação “são os processos de mudança que ocorrem na vida das pessoas, na sequência da sua participação numa gama de situações e actividades educacionais”[9].
Compete ao psicólogo que actua no contexto educativo não apenas prevenir e remediar, mas principalmente potencializar as habilidades do educando[10].
TRÊS PRINCIPAIS PRECURSORES DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
A área da psicologia educacional foi criada no final do séc. XIX e bem antes do início do Séc. XX, dentre os diversos pioneiros, destacam-se três que contribuíram fortemente no início da história da Psicologia da Educação, são eles: William James, John Dewey e Edward Lee Thorndike[11].
James ministrou uma série de palestras intituladas Talks to Teacher, em que abordava sobre a psicologia da educação , enfatizando a importância de observar o ensino e a aprendizagem em sala de aula para aprimorar a educação, dado que o autor acreditava que as experiências em laboratório não conseguiam responder eficazmente à pergunta “como educar a criança”[12].
Dewey é considerado por Sandrock como a segunda principal figura no desenvolvimento da área da psicologia educacional. Dewey criou “o primeiro e mais importante laboratório de psicologia educacional dos EUA, na Universidade de Chicago, em 1894”. o autor teve muitos outros contributos, destacando-se ideias como ensino para todos (procurando acabar com atitudes preconceituosas ou até mesmo discriminatórias), a ideia de que a criança é activa na sua aprendizagem (o que não existia antes dele) e de as crianças devem ser educadas como um todo e focar a adaptação da criança ao ambiente, sendo que, mais do que aprender conhecimentos técnicos, as crianças deveriam, isto sim, sair da escola aptas para pensar e adaptar-se ao mundo fora da escola[13].
Thorndike é considerado por (autores) o terceiro pioneiro, e destacou-se pelos seus contributos a nível da avaliação e medição, bem como na promoção dos princípios básicos científicos da aprendizagem, sendo que a tarefa principal da escola seria, no seu entender, afiar as habilidades de raciocínio das crianças. Diferente dos outros, que tendiam a uma abordagem cognitiva, este tinha uma abordagem mais comportamental[14].
Apesar de termos citado apenas 2 das várias correntes que existem e existiram para dar corpo àquilo a que chamamos de correntes da psicologia, que procuravam um objecto de estudo para a psicologia[15]. É importante, e tendo em conta aquilo que falamos de Dewey, perceber, e aqui é uma reflexão nossa, a pertinência dos conhecimentos psicológicos que, quando bem aplicados, permitem a promoção de políticas públicas que mudam o paradigma, a forma de pensar e se comportar das pessoas.
[1] John SANTROCK , Psicologia Educacional, 3ª Ed., AMGH, Porto Alegre, 2010.
[2] Gabriel Matias JOSÉ, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, 1ª Ed., Editora das Letras, Luanda, 2015.
[3] Mitsuko ANTUNES, “Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e perspectivas”, em: ABRAPEE, Ano 12 Nº 2 (2008), pp. 469-475.
[4] Ibidem.
[5] John SANTROCK , Psicologia Educacional, cit..
[6] Mitsuko ANTUNES, “Psicologia Escolar…”, cit., pp. 469-475.
[7] Gabriel Matias JOSÉ, Psicologia do…, cit, pp. 196
[8] Ibidem.
[9] Ibidem.
[10] Ibidem.
[11] Cfr. John SANTROCK , Psicologia Educacional, cit..
[12] Ibidem.
[13] Ibidem.
[14] Ibidem.
[15] Ibidem.