Para alguns, psicólogo, para outros biólogo ou até mesmo epistemólogo, aos 10 ou 11 anos de idade publicou um artigo científico. De quem se trata? Trata-se de Piaget, que é sem dúvida, um dos cientistas mais importantes na área da psicologia do desenvolvimento (link). Compreenda tudo que precisa sobre a teoria de Piaget neste artigo.

OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO SEGUNDO A TEORIA DE PIAGET
Piaget desenvolveu diversos estudos, sendo que a pesquisa que teve maior sucesso foi a dos estádio do desenvolvimento cognitivo. Preocupado com a génese (origem) do conhecimento, o autor seguiu uma forma diferente, em vez de se preocupar com a resposta correta, o mesmo questionou-se “porquê que a criança deu uma resposta errada?” Isto levou ao estágio do desenvolvimento cognitivo. É importante lembrar que cada estádio é uma forma diferente de pensar. A seguir, você saberá mais sobre os mesmos:
Estádio Sensório-Motor (do nascimento aos 2 anos)
É considerada como a fase da inteligência prática[1]. Quando a criança nasce, ela tem apenas alguns reflexos, não possui a habilidade de coordenar os próprios movimentos[2]. Nesta fase a acção é fundamental, porque é tocando, agarrando e empurrando os objectos que estão a sua volta que o bebé as noções que lhe permitem orientar-se. A conquista desta fase revela-se quando a criança adquire a capacidade de controlar os seus movimentos. Nesta fase, segundo Piaget, o bebê iniciamente não tem noção de permanência dos objectos (quando o bebê não vê um determinado objecto, o objecto não existe), esta noção só é adquirida mais ou menos aos 10 meses.
“Até ao fim desta fase, o bebé atnige um nível de performance verdadeiramente satisfatório. Sabe mexer-se, andar, correr e até mesmo trepar, identifica bem o pai e a mãe e mesmo o irmão e irmãs. Contudo, só compreenderá a lógica das relações familiares alguns anos depois. Mas também já consegue comunicar as suas exigências, começa a falar, a aceder ao mundo da representação simbólica. Não obstante, não se devem, exagerar os seus poderes. Assim, a criança permanece inteiramente egocêntrica, incapaz da menor articulação lógica.”[3]
A passagem deste estádio para o outro não é algo que acontece repentinamente, é um processo longo que leva mais ou menos 6 meses[4].
Pré-operatório (2 a 7 anos)
A principal aquisão desta fase diz respeito à linguagem. A criança neste período desenvolve muito o seu vocabulário e existe uma sofisticação do ponto de vista gramatica[5]. Se inicialmente a criança pronuncia sons sem mesmo saber o significado deles, posteriormente a criança emite palavras que têm para ela significado e com o objectivo de atingir um fim. Esta linguagem desenvolvida tem uma grande importância nos “aspectos cognitivos, afectivos e sociais da criança”[6]. No entanto, uma característica evidente despe período é o egocentrismo que existe nela. Diferente do egoísmo, o egocentrismo diz respeito à incapacidade da criança pensar segundo o ponto de vista do outro[7]. Por outro lado, nesta fase, existe um pensamento muito imaginário, não expressando, algumas vezes, lógica[8].
“A criança, neste período, até poderá compreender e interpretar situações que exijam coerência, mas o fará de forma confusa”[9].
Estágio das operações concretas
Esta fase caracteriza-se pelo desenvolvimento de raciocínios lógicos e da linguagem simbólica. A criança consegue realizar operações mentalmente. Nesta fase existe por parte da criança a noção de reversibilidade (ex: se você transporta água de um copo menor para outro maior, a criança tem consciência de que a quantidade de água é a mesma independentemente da forma ou tamanho do copo). No entanto, esta lógica, é limita-se àquilo que é concreto, existindo uma dificuldade de pensar de forma abstratata. [10]
Estádio das operações formais
Neste estádio o adolescente consegue pensar de forma abstrata, de pensar em várias hipóteses para um mesmo problema, é possível racionar hipotetico-dedutivamente, o que não acontece nas fases anteriores[11].
CONCEITOS ESSENCIAIS DA TEORIA DE PIAGET
Existem diversos conceitos na teoria de Jean Piaget, no entanto, 4 parecem fundamentais: a assimilação, a acomodação, o esquema e a equilibração.
Assimilação: “o processo cognitivo pelo qual as crianças se adaptam a novas experiências, modificando os esquemas preexistentes” [12].
Acomodação: “processo pelo qual as crianças incorporam novas experiências nos seus esquemas preexistentes” [13].
Esquema: “estruturas mentais do pensamento da criança que fornecem representações e planos para aplicar comportamento”[14].
Equilibração: “um estado em que os esquemas das crianças estão em equilíbrio e não são perturbados pelo conflito”[15].
A VIDA DE JEAN PIAGET
Jean Piaget nasceu aos 9 de Agosto de 1896, numa cidade suíça (Neuchâtel), filho de um professor de história numa universidade local e de uma mãe protestante. Publicou o seu primeiro artigo científico aos 10 ou 11 anos, sobre um pardal albino (pássaro). Aos 16 anos ocupa o cargo de tratador de moluscos (conhecido por lesma em Angola) no Museu de História Natural de Neuchâtel[16].
Obteve o bacharelato na faculdade de ciências de Neuchâtel em 1915 e a licenciatura e defendeu a sua tese de doutoramento em ciências naturais em 1918. Estudou psicopatologia e psicanálise de 1918 a 1919[17].
Ocupou o cargo de chefe de trabalhos para o Instituto Jean Jacques Rousseau, que promovia investigações de psicologia da criança de 1921 a 1925. Defendeu uma tese em psicologia na faculdade de ciências de Genebra em 1921. [18]
Esteve durante muitos anos no Bureau internacional d’education ocupando o cargo de director adjunto e posteriormente de director, e também teve inúmero cargos de destaque na UNESCO seja como membro representante da Suíça, ou membro da organização sem representar especificamente algum país. Para além de tudo isto, Piaget criou um centro de pesquisa, foi professor em alguns institutos.[19]
Para finalizar, e infelizmente, Jean Piaget faleceu aos 16 de Setembro de 1980[20].
[1] Cfr.: Jean-François BRAUNSTEIN e Évelyne PEWZNER, História da Psicologia, col. Epigénese, Desenvolvimento e Psicologia, Instituto Piaget, Lisboa, 2003.
[2] Cfr.: David COHEN, Piaget:Um requestionamento, col. E pistemologia e Sociedade, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.
[3] David COHEN, Piaget:Um requestionamento, col. E pistemologia e Sociedade, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.
[4] Cfr.: David COHEN, Piaget:Um requestionamento, col. E pistemologia e Sociedade, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.
[5] Cfr.: Gabriel Matias JOSÉ, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, 1ª Ed., Editora das Letras, Luanda, 2015.
[6] Gabriel Matias JOSÉ, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, 1ª Ed., Editora das Letras, Luanda, 2015.
[7] Cfr.: David COHEN, Piaget:Um requestionamento, col. E pistemologia e Sociedade, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.
[8] Cfr.: David COHEN, Piaget:Um requestionamento, col. E pistemologia e Sociedade, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.
[9] Gabriel Matias JOSÉ, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, 1ª ed., Editora das Letras, Luanda, 2015.
[10] Cfr.: Gabriel Matias JOSÉ, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, 1ª ed., Editora das Letras, Luanda, 2015.
[11] Cfr.: David COHEN, Piaget:Um requestionamento, col. E pistemologia e Sociedade, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.
[12] Alan SLATER e Gavin BREMNER, Uma Introdução à Psicologia Desenvolvimental, col. Epigénese, Desenvolvimento e Psicologia, Instituto Piaget, Lisboa, 2005.
[13] Alan SLATER e Gavin BREMNER, Uma Introdução à Psicologia Desenvolvimental, col. Epigénese, Desenvolvimento e Psicologia, Instituto Piaget, Lisboa, 2005.
[14] Alan SLATER e Gavin BREMNER, Uma Introdução à Psicologia Desenvolvimental, col. Epigénese, Desenvolvimento e Psicologia, Instituto Piaget, Lisboa, 2005.
[15] Alan SLATER e Gavin BREMNER, Uma Introdução à Psicologia Desenvolvimental, col. Epigénese, Desenvolvimento e Psicologia, Instituto Piaget, Lisboa, 2005.
[16] Cfr.: David COHEN, Piaget:Um requestionamento, col. E pistemologia e Sociedade, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.
[17] Cfr.: Constantin XYPAS, Piaget e a Educação, col. Horizontes Pedagógicos, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.
[18] Cfr.: Constantin XYPAS, Piaget e a Educação, col. Horizontes Pedagógicos, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.
[19] Cfr.: Constantin XYPAS, Piaget e a Educação, col. Horizontes Pedagógicos, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.
[20] Cfr.: Constantin XYPAS, Piaget e a Educação, col. Horizontes Pedagógicos, Instituto Piaget, Lisboa, 1999.